sábado, 6 de outubro de 2012

Nova etapa

Amigos e conhecidos que tem me acompanhado, quero pedir um momento se sua atenção.
Voltei de uma consulta de acompanhamento e os resultados não foram como esperados. Ontem recebemos o laudo do último exame que fiz e foram vistos dois pontos de suspeita de volta do câncer. Nenhum médico bateu o martelo dizendo que é o câncer voltando, mas pode ser isso sim. A outra possibilidade é de ser só uma necrose por efeito da radioterapia que foi muito forte, mas necessária. Nesses casos é melhor "errar por excesso, do que por falta", então devo tratar mesmo sem ter certeza que é a doença.
Provavelmente no dia 15 de outubro devo fazer um procedimento de radio-cirurgia, e peço que orem por isso também.
Peço que qualquer dúvida, por que é um pouco mais detalhado que isso, sintam-se completamente a vontade para vir falar comigo e quero muito falar sobre tudo isso! Então não se sintam acanhados hehehe

Eu e a Rafa estamos muito tristes pois estamos próximos de seguir com passos importantes rumo ao casamento. Ficamos, todos, muito surpresos e abalados, mas graças a Deus sabemos que Ele é nossa fortaleza, e temos de ter fé nele, mesmo ainda não vendo os resultados. Essa tristeza que veio, e pode vir ainda, é passageira, mas o Deus que é eterno sempre traz o consolo.
Sei que tenho falhado em contar como Deus tem mudado minha vida e peço perdão a todos aqui por isso, mas sei que desde o início isso foi uma das minhas maiores alegrias. Poder espalhar a palavra de Deus e o que tenho vivido com ele. Sei que esse versículo é completamente verdade e não só pra mim, mas pra todos.
Atos 20:24 "Todavia, não me importo, nem considero a minha vida de valor algum para mim mesmo, se tão somente puder terminar a corrida e completar o ministério que o Senhor Jesus me confiou, de testemunhar do evangelho da graça de Deus".
Peço que orem por mim e pela Rafa e pelas nossas família para que Deus nos sustente e sua misericórdia seja abundante em nossas vidas. Peço que orem por mim por esse procedimento que vai ser feito em breve.
Grande abraço a todos

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Quando sou fraco


Olá pessoal, venho aqui colocar o relato da luta que passei e estou passando pela graça de Deus. Rodrigo Bedritichuk (http://rodrigobedritichuk.blogspot.com.br/) escreveu sobre algumas coisas que aconteceram e descreveu muito bem o que foi vivido nessa época.

Quando sou fraco


Lá pelos idos de outubro as coisas realmente começaram a piorar para o nosso amigo Marcos. O breve suspiro de felicidade foi aplacado pela notícia sufocante do agravamento de sua doença. O resultado da biópsia médica pesou no ar e apertou o coração dos que o conheciam.

Tudo isso havia começado uns dois meses antes, quando ele recebera o diagnóstico de que tinha um tumor no cérebro. A notícia causou espanto e temor a todos. A surpresa e a gravidade da patologia produziram em mim e em outras pessoas certo desespero, logo dissipado quando vimos o modo sereno com que o próprio Marcos encarou o problema. Pude passar com ele o dia seguinte ao recebimento de tão desestabilizadora notícia e testemunhar a força e a confiança que ele transparecia. A ocasião era a despedida de solteiro de um amigo nosso, e lá estava o Marcos no meio de todos, conversando e brincando como se nada tivesse acontecido. Aproximei-me para conversar sobre o assunto, receoso de como ele iria reagir à minha indagação, e com medo da impertinência da minha pergunta. Mas tivemos uma conversa aberta e gostosa como se estivéssemos falando sobre qualquer aventura da vida, mesmo falando na verdade sobre os perigos dela. Ele estava confiante! Falava sempre em não desperdiçar seu câncer, pois queria aproveitar a adversidade para crescer espiritualmente.

Os dias que daí se seguiram foram tensos. Estávamos todos à espera da confirmação do diagnóstico. Ele iria se consultar com outros médicos; queria ter a certeza do resultado. Triste notar que a incerteza da doença teve que adiar planos. Marcos tinha intenções de se casar, já havia escolhido o anel de noivado, mas teve que postergar o momento do noivado quando soube de seu tumor. No entanto, adiar alguns planos não significava renunciar à vida. E ele ainda estava lá, na igreja, nos eventos, com seu jeitão esguio, educado como sempre, com um semblante límpido que contrastava com as lágrimas dos amigos que o viam daquela forma tão agradável. Os amigos combinavam um lugar para sair, e Marcos não perdia a oportunidade de fazer graça com a própria situação: “quero ir para tal lugar, é o meu último desejo”. A forma brincalhona e satírica com que vivia ainda estava presente.

Finalmente, o resultado saiu: o tumor era provavelmente benigno, e necessitava apenas de acompanhamento regular. A notícia se espalhou rapidamente com um gosto de vitória para todos. A vida poderia retomar a sua normalidade habitual.

Foi quando em uma fatídica sexta-feira do mês de setembro Marcos começou a ter fortes dores de cabeça. A dor somou-se às tonturas, e ele começou a ficar preocupado. No sábado, logo pela manhã, a sentença do médico – Marcos teria que se submeter a uma cirurgia de emergência. O procedimento era de alto risco, e teria de ser feito às pressas. Como suportar uma notícia dessa logo agora que as coisas pareciam voltar ao seu lugar? A esperança comprimiu-se dentro do peito. Ainda atordoado, esperei um pouco e afinal tomei coragem de ligar para ele. A voz embargada e trêmula do outro lado da linha golpeou minha intenção de confortá-lo; agora era eu quem lutava contra as lágrimas. Consegui trocar apenas algumas palavras de força e esperança em Deus e desliguei o telefone antes de começar a chorar. Soube depois que a fraqueza de Marcos diante da cirurgia durou pouco tempo, e logo depois ele já estava risonho e conversador, e que se dirigira à cirurgia com bom ânimo.

Uma corrente de orações, clamores e torcida por sua vida estendeu-se pela cidade. Familiares e amigos levantaram suas vozes intercedendo pela vida do Marcos. A cirurgia foi longa e delicada. Acabou depois da meia-noite. Enfim, o resultado trouxe alívio aos que estavam de vigília: tudo ocorrera bem. A mão poderosa de Deus estendera sua graça sobre a vida do nosso amigo.

Nessa parte da história, impossível continuar sem fazer referência à Rafa, a namorada do Marcos. Ela foi quem talvez mais sofreu todo esse tempo. Mesmo assim, era ela a intermediária entre o Marcos e o resto, uma vez que a família do Marcos estava muito abalada para dar informações precisas aos amigos e colegas. Sempre que se queria saber alguma notícia da recuperação ou dos procedimentos de visita, era só ligar para a Rafa. Com paciência e firmeza, ela atendia a todos.

Os médicos estimaram que ele iria reaprender a andar em três meses. Mas antes que uma semana se passasse ele já estava em casa, falando e andando normalmente. A velocidade da recuperação surpreendeu a todos e atestou que sua existência a partir dali seria um concreto milagre de Deus. Sua casa estava sempre cheia de visitas, de pessoas que iam ali para vê-lo, pensando que iriam encontrar alguém debilitado pelo pós-operatório, mas que se deparavam com uma pessoa cheia de vida e vontade de viver, cujo único sinal da cirurgia era um curativo na parte de trás da cabeça. Passei ali uma agradável tarde de sábado, dando boas risadas de suas piadas inteligentes e desfrutando de seu senso de humor aguçado. Como foi bom reencontrá-lo daquela forma.

Marcos e Rafaela
Certamente a proximidade da morte operou uma transformação na forma com que ele levava a vida. Isso porque duas semanas após a cirurgia, Marcos e Rafaela ficaram noivos. Que lição de vida, que amor à vida. Afinal, diz a Bíblia, “vá, coma com prazer a sua comida, e beba o seu vinho de coração alegre, pois Deus já se agradou do que você faz. Esteja sempre vestido com roupas de festa, e unja sempre a sua cabeça com óleo. Desfrute a vida com a mulher a quem você ama, todos os dias desta vida sem sentido que Deus dá a você debaixo do sol; todos os seus dias sem sentido! Pois essa é a sua recompensa na vida pelo seu árduo trabalho debaixo do sol” (Eclesiastes 9:7-9).

Todos perceberam nele a disposição de fazer a vida valer a pena, de não perder tempo com coisas que consomem o tempo de uma vida e depois se revelam como uma corrida atrás do vento. Não temos controle sobre o dia em que chegamos e o dia em que partimos desse mundo. Mas a forma como vivemos nesse intervalo é dada a nós escolher. E ele havia escolhido a plenitude, encontrada somente por aqueles que “perdem a sua vida para achá-la em Cristo”.

Novamente, a alegria vivida por todos foi solapada por outra notícia avassaladora. O resultado da biópsia saíra, e indicava um tumor maligno, de um tipo raro de câncer. Silêncio e indagações dominaram a paisagem. Por que haveria de ser assim? Uma vez mais, o assombro de notícias ruins parecia demolir toda a segurança e conformação que já se haviam construídos sobre a situação.

Uma semana após essa notícia, fui visitá-lo num dia de feriado. Eu e alguns amigos combinamos de ir a casa dele para fazer-lhe companhia com jogos, conversa e oração. Que tarde agradável aquela, e é mesmo uma ironia que muitas vezes seja a dor o motivo que une amigos em comunhão e alegria. Lá estávamos nós naquela sala, naquele dia chuvoso e abafado de outubro, bem acomodados e conversando. Num canto, recostado a uma poltrona, estava o Marcos, os pés cruzados em cima da almofada, o olhar atento sem perder um assunto ou um ensejo para proferir as suas habituais tiradas. Ouviu com interesse às palavras de clamor a Deus e encorajamento. Volta e meia se percebia que sua mão instintivamente procurava as mãos da Rafa, sua noiva; se tocavam ambas num gesto representativo de cumplicidade. Após entoarmos alguns cânticos e ouvirmos a leitura da Bíblia e a mensagem de seus amigos, Marcos tomou a palavra com objetividade e segurança. Agradeceu as manifestações de apoio e testemunhou junto com o apóstolo Paulo “não considerar a vida de valor algum para si mesmo, se tão-somente puder terminar a corrida e completar o ministério que o Senhor Jesus o confiou, de testemunhar do evangelho da graça de Deus”. (Atos 20:24)

Após esse momento, começamos os jogos. Dispensa maiores detalhes contar a bagunça que sete amigos fizeram naquela tarde: muita gritaria, risadas, chacotas mútuas, torcida, táticas, zoações e diversão. Creio que quase três horas depois acabamos o jogo. O vencedor, Marcos! O fim perfeito para esse dia em que cada um dedicou seu tempo a fim de animar nosso querido amigo.

Dali a algum tempo, Marcos partiria com sua família para São Paulo para realizar a segunda cirurgia. Fez alguns exames de rotina e aguardou a liberação dos médicos e do plano de saúde. O dia chegara, afinal. Novamente, o risco era grande. A tecnologia avançadíssima à disposição dos médicos não significava a certeza de sucesso do procedimento cirúrgico. Remover o resto do tumor em uma região tão delicada como o cérebro trazia a possibilidade de sérias sequelas. Junto à família, fora o Pr. Felipe e, claro, a noiva Rafaela.

Devido à distância, ficamos dependentes das notícias divulgadas na internet pelos que estavam em São Paulo. Não obstante, as orações não cessaram. Um grupo se dirigiu à igreja na hora da cirurgia para interceder a Deus pela vida do Marcos. Na noite daquele início de novembro, enfim soubemos que a cirurgia havia sido um sucesso. Ele havia saído bem da cirurgia e inclusive perguntara se estava tudo bem com ele. Aqui a notícia foi se espalhando com alegria. Certamente, mais um avanço grandioso nessa luta tênue contra a morte. Depois se soube que todo o tumor havia sido retirado, no que consistia uma ditosa vitória, motivo de grande regozijo.

Marcos e Milton (pai)
E durante todo aquele mês de novembro, essa foi a sistemática adotada para comunicar a todos sobre o que ocorria em São Paulo. Alguém da família, geralmente seu pai, divulgava nas redes sociais o que se processava lá. E assim ficávamos informados e continuávamos a torcer e orar pela sua plena recuperação. Impossível esquecer que seu pai, um pouco após a cirurgia, divulgou fotos da recuperação do Marcos, definindo-o mui sabiamente: um herói. As imagens revelavam aquele mesmo menino, aquele mesmo jeitão típico, aquele mesmo sorriso. Quem diria que aquele rapaz tivera sua cabeça aberta duas vezes e que médicos haviam arrancado dali de dentro um tumor maligno? Sua força transparecia pelas fotos.

O passo seguinte consistia na realização da rádio e quimioterapia. O tratamento também seria feito lá em São Paulo. Por esse tempo, o Marcos me disse que estava tranquilo por lá, apesar da saudade de Brasília.

Uma vez mais essa história que se desenrolava no fim do ano sofreu reviravolta. As boas expectativas pelo início do tratamento de rádio e quimioterapia deram lugar à apreensão por um novo diagnóstico médico: meningite. Marcos estava sentindo fortes dores de cabeça, e teve de adiar o início do tratamento para cuidar da meningite, que, graças a Deus, não era das mais fortes. Mesmo assim, o incidente confundiu todo o planejamento médico já traçado, de modo que os médicos não entravam num consenso sobre a melhor forma de tratá-lo, se com a rádio ou a quimioterapia primeiro, ou as duas de uma vez.

Dezembro já havia chegado, e a distância já incomodava os dois lados: nós, que aqui estávamos acompanhando o tratamento pelas notícias da internet; e ele, que já estava há um bom tempo longe de família e amigos. Penso como deveria estar sendo difíceis aqueles dias ali. Em uma cidade diferente, em um hospital, com a mente e o tempo ocupados apenas na doença.

Por esses dias a Rafa começou a colher depoimentos para fazer um vídeo de Natal para o Marcos. Sua tranquilidade impressionava. Não sei se ela agia como quem finge não estar nada diferente ou como quem tem uma fé inabalável, mas levava a situação com serenidade e placidez. Posteriormente, ela confessou a minha esposa sua comovente situação. Afirmou que quando primeiro soube do diagnóstico, rasgou o coração diante de Deus, admitindo não ter forças para lutar aquela batalha. Seria melhor lhe fosse tirada a vida do que continuar a presenciar aquele mal ao futuro marido. Ainda consternada, ela clamou que Deus fosse a força dela, que Ele a carregasse e a levasse a viver cada dia com o sustento que Ele daria, pois da parte dela não haveria condições de continuar. E assim ela passou a viver seus dias, sustentada pelo poder divino. Seria possível sonhar com o futuro, com o casamento, com filhos? Ela não sabia e chorava ao pensar que não pudesse viver esses dias. E então era confrontada com a voz de Deus que a incitava a permanecer firme e confiante.

Natal no hospital
O Natal veio e com ele as fotos de uma ceia passada no hospital. Ele ainda estava lá internado devido às febres. Uma noite em meio a cânticos e hinos, na fragilidade da doença, no recolhimento de um hospital. Um Natal diferente, mas tão próximo do primeiro natal, no qual o Deus salvador veio ao mundo na forma mais frágil e da forma mais humilde: uma criança nascida em uma estrebaria. A mensagem de esperança era ínsita ao momento, e certamente pôde reanimar os espíritos cansados e sobrecarregados.


Marcos, Rosy (mãe) e Rosana
Um pouco depois Marcos teve de cortar os cabelos para iniciar o tratamento de quimioterapia. O que seria um procedimento que remetia à dor e à perda revelou-se uma verdadeira festa da peruca. É que Marcos e seus familiares aproveitaram a ocasião para, com bom humor, experimentar penteados e cabelos novos, na ausência do original. A alegria que aparece nesses momentos pesados não é senão um descanso nos braços daquele que não permite que nem um fio de cabelo caia de nossa cabeça sem a sua permissão.

Passou-se janeiro, fevereiro, março... Quanto tempo já longe de casa e dos amigos. Felizmente, o tratamento estava correndo bem. O corpo de Marcos permaneceu firme após as sessões de radio e quimioterapia. O tumor estava desaparecendo. Nesse começo de 2012, um acontecimento marcante ocorreu. Marcos e Rafa iriam se casar! A cerimônia já estava marcada para setembro. Certamente um passo de fé, um símbolo de que a vida continuaria apesar da dor, uma demonstração de coragem e confiança em Deus. Claro, por que parar de viver quando a morte se aproxima? Como falei para ele em um email, os “saudáveis” não estão mais distantes da morte do que ele estava. Os riscos do acidente ou do infortúnio, embora invisíveis, são tão ou mais letais que a doença contra qual ele lutava. Por isso não havia motivo para o medo de viver e ser feliz. Aqui, óbvio, nos alegramos todos com a notícia.

Um pouco depois e tivemos a esperada notícia de seu retorno. A Rafa informou a todos e articulou uma surpresa para ele no aeroporto. Todos empolgados davam ideias sobre o que poderia ser feito para abrilhantar a recepção. Resolvemos fazer máscaras com a cara dele e um grande banner com uma mensagem de boas vindas.


No dia marcado, 29 de abril, o sol brilhou com força e fez daquele domingo um dia quente. Mesmo sendo no horário do almoço, muitos já estavam lá no aeroporto. Dois fatores fizeram o reencontro ser mais bonito: primeiro, o voo do Marcos atrasou, o que permitiu que os amigos atrasados chegassem a tempo; e o local do desembarque foi transferido para um portão mais isolado, o que deu maior privacidade ao nosso grande grupo. Mais de 50 pessoas, entre amigos e família, bebês, idosos e muitos jovens o aguardavam escondidos no meio do aeroporto de Brasília, esperando o sinal de sua chegada.

E então soou o apito, e o grande grupo seguiu em uma marcha feliz até o portão. Gritos de alegria espalharam-se pelo saguão, anunciando a volta do nosso amigo. A cabeça completamente careca, adornada por uma boina verde, o corpo alto e magro e os olhos fixos confirmavam que o Marcos havia voltado. Fizemos um semi-círculo a sua volta e observamos sua reação emocionada e feliz. Ele, então, passou a abraçar um a um dos amigos, prolongando a cerimônia que ali se instalara.


Recepção no aeroporto!

Enquanto os abraços eram dados, um silêncio pairou sobre a multidão dos presentes. Foi como se uma forte emoção houvesse tocado a todos, e naquele momento muitos já choravam. O silêncio constrangedor era entremeado por alguns gritos de guerra improvisados para o momento, mas que logo cediam lugar à quietude e à contemplação daquela hora. Difícil explicar. Só os que ali estavam conseguem compreender aquela alegria silenciosa dominando o ambiente. E ali o Marcos distribuía abraços calorosos a todos. Arrematando o momento, o Pr. Felipe, para romper o vazio das vozes embargadas e dos choros baixos, iniciou um cântico de agradecimento a Deus, seguido logo por todas as vozes. O que se produziu ali naquele aeroporto foi um espetáculo espontâneo de amizade, amor e adoração a Deus.

O coro impressionou todos quanto passavam, pois a beleza das vozes e da mensagem cantada era evidente. O momento da comoção terminou com uma oração feita pelo Pr. Felipe, que consagrou a vida do Marcos nas mãos de Deus e agradeceu pelo sucesso do tratamento e seu consequente retorno. A partir dali, a tensão das lágrimas deu lugar ao riso e às brincadeiras, com o Marcos voltando a brincar normalmente. Alguns o acompanharam no almoço em um shopping da cidade.

O mês de maio foi ocupado pelos preparativos do casamento. Reunião com os padrinhos, agendamento do local da cerimônia, lua de mel, fotógrafos, vestido... Uma infinidade de coisas que só quem já casou sabe como dão trabalho. A data havia sido marcada para setembro. Mas por prudência, o jovem casal resolveu adiá-la, esperando dar um passo de cada vez. Como que sufocados pelas responsabilidades à frente, Marcos e Rafa demonstraram certo abatimento, o qual prenunciava a triste notícia que receberiam.

Já em junho, Marcos voltou a sofrer de febre durante à noite. Nenhum outro sintoma aparecia, senão somente a febre todos os dias na parte da noite. Ele foi internado mais uma vez, e os médicos informaram que na ressonância viram uma pequena mancha no cérebro. Talvez não fosse nada, mas já foi um choque para todos. Parece que sempre que a vida voltava ao normal, algo acontecia para desviá-lo de seus sonhos. Agora, os planos para o casamento haviam sido suspensos por prazo indeterminado. Restava crer na providência divina e observar como Deus intervia de modo soberano nos planos humanos, refazendo-os e moldando-os segundo a sua vontade. Como alguns de seus amigos o confortaram, “a pressa é nossa e não de Deus”.

Esse breve relato da luta do Marcos contra o câncer termina aqui, embora sua história continue bravamente. Não sei quando ou por que comecei a relatar essa luta, mas desde que o fiz, senti-me responsável por dar continuidade à narrativa. E em assim fazendo, deparei-me com questionamentos sobre a vida, mas também com a graça de Deus a dar a todos nós o fôlego da vida. Vi o clamor e a solidariedade empreendidos pelo povo de Deus ao redor do mundo. Vi uma história de amor sobressair em meio à dor. Sobretudo, vi a força de um jovem que não se acovardou diante do desafio nem se atemorizou com a proximidade da morte. Vi a confiança do homem transformar-se em dependência de Deus, vi a os planos do homem desfazerem-se perante a vontade de Deus, e vi a fragilidade do homem sustentada pelo amor de Deus.

Rodrigo Bedritichuk

domingo, 5 de agosto de 2012

Ajuda

Pessoal, não é uma postagem de blog comum, e sim um pedido de ajuda:



Oi, pessoal!!! Mais uma vez imploramooos pela ajuda de v
ocês, mas dessa vez pra fazer a campanha da história, porque dessa vez vai! hehehe
Eu e minha noiva Rafaela estamos concorrendo a uma viagem de lua de mel pro Caribe e tudo que precisamos é de pouquíssimos segundos do seu tempo. Basta clicar nesse link aqui e curtir o comentário do Marcos Grimm (E não a foto! hehe) : https://www.facebook.com/photo.php?fbid=300603230036883&set=a.291566974273842.59209.199078350189372&type=1&comment_id=531512&offset=0&total_comments=49 Esse link vai dar na foto da promoção, basta procurar o comentário do Marcos Grimm e curtir. Se você quiser ajudar ainda mais, convide mais gente aqui no evento, pedir pra galera do trabalho, faculdade, família, igreja e etc pra votarem também. Por favor, pessoal... Casamento é coisa cara demais e seria uma benção giganteee ganhar a viagem, que é um dos grandes gastos que teremos.
Já agradeço a todos que compraram a briga com a gente e vamo que vamo! :D


Graças a Deus a radio e a quimio do Marcos já acabaram e em nome de Jesus não vamos ter nunca mais nenhum câncer pra nos preocupar! Agora que ele está finalmente voltando a se recuperar, estamos voltando a sonhar com o nosso casamento. Apesar de termos adiado a nossa data sem previsão de quando vai ser o casamento, estamos confiantes de que Deus tem o melhor preparado pra nós e é Ele quem vai adiante preparando tudo, por mais que a gente nem sempre entenda seus motivos. :) Continuamos precisando de suas orações!



ATENÇÃO!!! Gente, vamos conferir se vocês curtiram no lugar certo? Percebemos que muitos aqui curtiram o lugar errado, curtiram a foto quando na verdade o que precisamos é que vocês curtam o comentário do Marcos Grimm. Pessoal que curtiu pelo iphone principalmente, por favor confiram em outro aparelho se a curtida foi mesmo no comentário dele e não na foto. Se pelo menos 1 terço das pessoas convidadas aqui votassem, a gente provavelmente ganharia! :)

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Recomeçando

Mais planos, mais esperanças. Quando fazemos planos e esperamos que coisas aconteçam, precisamos estar dispostos a sermos contrariados. Mas os planos de Deus nunca são contrariados, não falham e não dão em nada errado.

Nessa época do ano, eu planejava já estar bem, me encaminhando para voltar a trabalhar e estudar. Afinal, em setembro eu me casaria. Quase que contava com isso, mas tudo isso eram só planos. Não se concretizou, e eu estou escrevendo de onde começou a minha história, no Hospital Brasília.

Estou aqui com uma febre, que não conseguimos descobrir de onde vem. Mas estou melhorando. Devo ter alta em 2 dias.

Fiz outro exame de ressonância magnética, e apareceu um novo "ponto" na imagem. Um lugar que não havia nada antes, agora tem alguma coisa, mas não sabemos o que é. Pode não ser nada, ou pode ser alguma coisa mais grave, tipo o tumor voltando.

Deus está me aproximando dEle novamente. Me envergonho quando sinto que as pessoas tem orado por mim mais do que eu mesmo, mas peço que Deus tenha misericórdia de mim. Mais uma vez chegou o tempo de me achegar mais em Deus, e espero que eu possa honrá-lo nesse tempo.

Eu não tinha muito o que escrever, mas talvez seja melhor recomeçar com qualquer coisa do que não recomeçar.

Abraços a todos.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

O Desânimo, os amigos e a alegria

As vezes quando pensamos estar tão longe daquilo que queremos, quando parece que nossos sonhos estão cada vez mais distantes ou que tudo que fazemos dá errado, um sentimento de derrota, como se já estivéssemos pré-dispostos a desistir ou perder, um desânimo nos atinge. Parece que não podemos fazer muita coisa para evitá-lo, como se fosse um sentimento maior que todos os outros e quando procuramos combatê-lo nada parece fazer efeito, nenhuma estratégia nos traz resultados reais e duradouros, mas geralmente um alívio que logo passa. O desânimo traz outros tantos sentimentos até nós: a falta de esperança, a desconfiança, o medo, a falta de fé. Cada um que já passou por isso pode pensar em outros frutos do desânimo. No momento que mostrei o resultado da ressonância-magnética tive a confirmação de tumor. Esse desânimo me abateu. Por um tempo senti tudo isso que falei acima, muitas emoções confusas. Eu sabia que eu não podia ignorar meus sentimentos, fingir que estava tudo bem. Jesus chorou (João 11:32-35), porque amava a Lázaro e se comoveu ao ver Maria chorar pela vida do irmão. Mas Jesus não ficou chorando, ele sabia do poder que tinha e sabia que esse poder poderia trazer alegria para os corações que ali estavam. Esse mesmo poder de Deus existe hoje: "Disse-lhe Jesus: Não te hei dito que, se creres, verás a glória de Deus?" (Jo. 11:40).

Depois de saber do tumor o neurologista disse que eu deveria procurar um neurocirurgião o quanto antes. Graças a Deus conseguimos encontrar um cirurgião no mesmo prédio que aceitou nos atender. Lá, eu ainda estava assimilando o que acontecia, mas pude contar com um grande Amigo. Fiz uma oração a Deus no banheiro do consultório mais ou menos assim: pedindo para que a força dele fosse a minha força e apesar de parecer tudo sem esperança pedi que me ajudasse naquilo que estava passando,  que dependia dele para conseguir isso. Tive uma resposta imediata! Deus me concedeu o que precisava naquele momento.

Um adendo: é interessante como não devemos esperar que nossa oração da manhã nos aproxime de Deus pelo resto do dia. Agora não recordo o livro, mas Francis Shaeffer disse isso. Deus espera de nós que vivamos com Ele a cada momento, sem esperar que nossa fé do meio-dia dure até de noite, por exemplo. Houve muitos outros momentos de desânimo ao longo do que tenho passado, e ainda há! Mas cada vez que acontece Deus me lembra, de alguma forma, que preciso depender dele. É aí que a gente vê como Deus usa tantas maneiras para nos aproximar dele. Espero que isso que tenho escrito por aqui também possa ser usado de alguma maneira pra lembrar do que Deus pode fazer por nós.

É importante comentar também que são nessas horas que se percebe o quão importantes são os amigos. É tão bom ter amigos que te lembram de histórias onde Deus foi fiel com eles e de como Deus tem sido fiel com você mesmo. Fiquei e continuo ficando cada vez mais feliz com as amizades que tem se fortalecido e surgido em toda essa minha luta. Sinto que as vezes não damos valor pra essas amizades se não passarmos ou vermos alguem passar por uma situação difícil. E mesmo quem não tem tantos amigos pode ser lembrado por Deus de diversas formas. O próprio Espírito-Santo nos faz buscar a Deus, que de todos os nossos amigos, é o único amigo perfeito, que nunca falha, que nos supre e dá soluções através do poder dele pra fazer qualquer coisa que deseja!

Voltando ao que aconteceu, fomos muito bem atendidos. E à primeira vista, o que podia ser visto pelo médico era um tumor benigno! Que grande notícia! Ficamos muito felizes pois o tumor benigno pode não causar nenhum efeito negativo, ou seja, poderia conviver com ele sem nenhum problema. O médico chegou a conclusão de que provavelmente o que estava causando minhas dores de cabeça era stress. Foi um motivo de grande alívio. Resolvemos então consultar mais dois outros médicos que falaram a mesma coisa. Parecia que os problemas eram menores do que pensavamos!

Não sabíamos que em breve voltaríamos a ter angústias e medos, ficaríamos desânimados, já que o que aconteceu depois não estava nos planos, novamente.

Os motivos de desânimo ainda existem, a tristeza é encontrada de vez em quando. Mas a mão sustentadora de Deus é mais poderosa que tudo isso! Traz alegria quando tudo indica o contrário. Através de tantas pessoas, elas me lembram através de como Deus é bom, e que os caminhos dele podem não ser entendidos completamente, mas devem ser cumpridos com a alegria que só ele pode nos dar em fazer isso.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

2011

Muita coisa aconteceu em dois mil e onze. Houve o devastador tsunami no Japão, vários ditadores foram depostos, Bin Laden foi encontrado e morto pelos EUA. Dilma Roussef iniciou o mandato como presidente do Brasil e tantas outras coisas aconteceram aqui e no mundo.

Para mim também foi um ano bem diferente do normal. Estava no meu último semestre da faculdade, tinha completado 1 ano e meio no cargo que almejava, meu noivado estava nos planos faz um tempo. Na minha igreja eu trabalhava num ministério que gostava muito. Contava com vários amigos que compartilhavam de todas minhas alegrias. Parecia que estava tudo bem. Os planos iam dando certo e um futuro bom parecia só questão de tempo. 

Mas de uns tempos para cá eu vinha sentindo algumas dores. Vale dizer que eu nunca fui do tipo atlético, não dá para negar. Hehehe. Bem, eu conversava com meu colega de trabalho, Rogério, sobre minha constante dor nas costas (postural), e mau-jeitos que eu dava que também aconteciam com frequência, em geral o comentário era que eu estava "todo bichado" (todo estragado para que não conhece a expressão). Hehehe, isso tudo apesar dos meus, apenas, 23 anos.

Só que havia uma dor específica, de cabeça, que eu sentia praticamente todo dia. Começou fraca, mas ao longo dos meses foi piorando. Isso fez o Rogério falar com minha namorada Rafaela para ela insistir que eu fizesse uma consulta. Eu sabia que não era nada, geralmente não era. Sempre, apesar do meu físico (hehe) fui saudável e nunca tive nenhum problema de saúde mais sério. Eu não precisava dessa consulta, era uma dor passageira.

Ressonância-Magnética
Após um certo tempo, enfim eu cedi e fui me consultar. Fiz uma ressonância-magnética no dia 29/07/2011 ou 27, por esses dias. Antes, assinei um termo de responsabilidade para permitir que aplicassem contraste em mim, apesar de que só aplicavam quando tinha algo "errado". Depois de quase 30 minutos sem poder me mexer, pensei que o exame tinha terminado. Engano meu, o contraste foi aplicado em mim.

Sabendo que tinha algo "errado" comigo, tive que esperar até dia 05/08/2011 até ter o resultado. Neste mesmo dia havia recebido uma ótima notícia: um plano especial do governo de ajuda para conseguir a primeira moradia havia me convocado! Eu estava mais próximo de ter minha casa e era mais um motivo de muita alegria.

Mas o resultado, sim. Quando peguei o exame vi logo uma nota no final falando de uma "mancha branca" fora do comum e sugerindo dois tumores, um com mais chances e outro com menos chances. Ainda tive que esperar um dia até retornar até o médico. Tinha ficado muito feliz com a outra notícia, mas ainda não sabia o que esperar da minha consulta. Era melhor deixar Deus cuidar das minhas preocupações do que tentar prever como isso podia mudar as coisas como eram. Não havia nada naquele momento que eu podia fazer, a não ser me voltar para Deus, deixar tudo que me fazia parecer forte e descansar na força de Deus. Podemos não entender tudo que aconteceu, mas sei que os caminhos de Deus me aproximam dele, me fazem parecer mais com Jesus, como eu jamais poderia fazer por conta própria. Voltar-me para Deus e não pro meu problema foi o próprio Deus atuando em minha vida e trouxe a tranquilidade para ir vivendo um dia de cada vez.